BLOG FECHADO

20
Nov 09

 

                Lancelot Carter ouviu a pesada porta da sala de visitas da prisão abrir-se com um silvo. As suas narinas foram envolvidas por um cheiro tépido a metal e a tabaco. Do outro lado, viu o pai. Cabisbaixo, de pele macilenta e cinzenta, brincava com os dedos aracnídeos. Mechas do cabelo negro caíam-lhe sobre os olhos tristemente. Envergava um fato de macaco cor de laranja que lhe estava grande demais sobre uma t-shirt branca de lixívia. Lancelot deslizou a alça do estojo da guitarra sobre o ombro e respirou fundo. Estava na hora. Aproximou-se da mesa metálica, puxou a cadeira para trás e sentou-se calmamente. Paul Carter continuava a fitar as mãos, sem descolar os olhos da superfície espelhada da mesa.

                - Olá, pai.

                Lentamente, o homem levantou o olhar para o rosto do filho. Por momentos, ficou a observá-lo como se não o reconhecesse.

                - Lance? – a sua voz rouca soou grave e profunda.

                - Sim, pai, sou eu.

                O homem parecia incrédulo, como que arrancado de um sonho para ser obrigado a ver a realidade.

                - Estás tão diferente…

                - Estou diferente, estamos todos diferentes. Não sou pessoa de ficar parada no tempo, tu devias saber disso melhor que ninguém! Mas esse tipo de coisa não interessa agora. Diz-me lá porque é que me chamaste aqui com tanta urgência.

                Um brilho opaco revestiu os olhos de Paul Carter. Lambeu o lábio inferior e tossiu pesadamente.

                - A Jacqueline Soleil veio visitar-me. – o seu rosto ficou sério e duro como pedra.

                A única reacção da parte de Lancelot foi um longo suspiro.

                - Ouviste-me, Lancelot? A Jacqueline está viva!

                O rapaz passou os dedos pelo cabelo, recostou-se na cadeira e cruzou os braços.

                - Eu sei, pai.

                - Já sabias?! Há quanto tempo?

                - O suficiente.

                Paul mergulhou a cabeça nas mãos. Por momentos, lembrou-se da voz dela.

               

                - Sabes, Carter, - disse ela, na sua voz sensualmente aveludada – tu acabaste por conseguir o que querias. Mataste-me. Mataste-me por dentro. Até te agradeço por isso, realmente. Acabaste com a Jacqueline, que era muito acertada, inocente e preocupada com os outros. Apodreci durante dois anos, sozinha, a pensar que podia chegar ao Le Château quando estivesse pronta e que toda a gente ia estar à minha espera, de braços abertos. Tentei fazê-lo, mas vi todos a seguir as suas vidas. Até o Raoul. Agora, ele está feliz ao lado daquele saco de carne. E o incrível é que ela é magnificamente parecida comigo. – riu-se cruelmente – Entretanto, eu ando escondida. Mas a Fénix renasce das cinzas, não é? Creio que todos podemos fazer o mesmo, desde que tenhamos os meios. E tu, Carter, vais assistir àquilo que vou fazer. A ti, não te posso tocar, estás bem seguro. Bem preso. Mas o teu filho, o teu querido filhinho, não. Ele e os amigos andam a pedi-las, ao meterem aqueles narizes onde não são chamados. Portanto, só tenho que te agradecer pela transformação que me deste. Espero que sejas muito, muito feliz, Carter.

 

                - Pai? Pai, estás a ouvir-me?!

 

                Paul abanou a cabeça, afastando da memória aquele implacável momento.

                - Lancelot, ouve o que te vou dizer. Tu tens de sair de França, o mais rápido possível. Volta para Boston, porque se ficares aqui, se continuares sem sair do mesmo sítio, ela vem atrás de ti e dos outros e vai dar cabo de vocês.

                O rapaz exibiu um sorriso pálido.

                - Pai, não estás a perceber. Eu não posso fazer isso. Fugir é ser cobarde, e neste momento a última coisa que precisamos é um cobarde. Eu prometi à Violet e ao Jesse que resolvia isto com eles, e não vou deixá-los ficar pelo caminho por causa dos devaneios de uma louca.

                Levantou-se bruscamente, caminhando em direcção à pesada porta da sala de visitas. O guarda prisional afastou-se para deixar Lancelot passar. À medida que se afastava pelo corredor revestido por azulejos brancos em forma de quadrados, o músico viu a sua mente ser invadida por tudo o que o pai lhe dissera. Ela vai dar cabo de vocês. Raoul dissera o mesmo.

                Os seus passos ecoavam no longo corredor como sinos. Ia-se aproximando da porta, pela qual entrava uma tímida luz matinal. Ao entrar no carro, fechou a porta. Apoiou os cotovelos no volante e as faces nas palmas das mãos, observando o sol através do vidro fronteiro.

                - Que cara. Não correu lá muito bem.

                Lancelot recostou-se no banco, dirigindo o olhar para o espelho retrovisor. No banco de trás, Jesse Stone brincava com a navalha.

                - Tens razão. Não correu. Ele tentou assustar-me, afastar-me deste assunto. Tal como o Raoul fez connosco.

                - A Jacqueline veio visitá-lo, foi?

                - Sim. E deu-lhe um abanão jeitoso. À entrada, perguntei ao guarda prisional se ele se lembrava de ter visto uma rapariga a vir visitar o meu pai. Ele disse que só se lembrava do nome que ela tinha dado no registo: Cornélia Arnaut.

                Jesse franziu o sobrolho níveo, e os seus olhos ganharam uma intensidade que se assemelhava a cor.

                - Cornélia Arnaut? De certeza?

                - Pois, eu sei o que estás a pensar.

                - Porque é que ela deu o nome da Cornélia? Ela nem sequer estava em Paris naquele Inverno! Só se…

                - Só se o quê?

                - Arranca, Lance. Tenho de falar disto ao Edward.

publicado por Katerina K. às 09:40

olá *.* voltei agora da escola :D
tão fofy, obrigada, correu muito bem... pela manhã xD
vou ler agora o capítulo :P
pat a 20 de Novembro de 2009 às 13:00

já li :O
essa Jacqueline Soleil, é muito má :((( LOOL

vou para as aulas xD
beijoca, falamos mais logo :P
pat a 20 de Novembro de 2009 às 14:38

Oh meu deus, isto está tão lindo. Mas com tanto mistério, gosh o:
inês. a 20 de Novembro de 2009 às 16:55

já vi que sim :b
é tipo eu, muito vingativa LOOL
pat a 20 de Novembro de 2009 às 17:38

Já não se fala? :(
inês. a 20 de Novembro de 2009 às 17:58

Oh pah tão lindo mas tão misterioso que me dá um ataque!
A Jacqueline é mesmo cruel mas agora quero saber porquê. *unf*
Posta mais! (L)

- Beijos
Mudei-me. Tchauzinho. a 20 de Novembro de 2009 às 18:14

uau! a Jacqueline ainda vai surpreender bastante, pelo que estou a ver *-*
estou a adorar (mesmoo) esta história :)

beijinho
Catherine a 20 de Novembro de 2009 às 18:49

Estou mesmo atrasada nisto :X
Prometo que hoje vou ler os primeiros caps. Nem que seja ao poucos. :s
cαtch a 20 de Novembro de 2009 às 18:50

Ah, okay. Estás melhor, sapinha?
inês. a 20 de Novembro de 2009 às 18:55

Eu fiquei com medo :_:
Mudei-me. Tchauzinho. a 20 de Novembro de 2009 às 19:16

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