BLOG FECHADO

30
Nov 09

            Jacqueline empurrou uma chávena de chá através da mesinha de cabeceira e sentou-se na poltrona que era parcialmente escondida pela cortina. Cruzou a perna, revestida pela seda negra translúcida que se demorava na pequena curva do seu tornozelo. Havia algo no seu olhar, uma tristeza fria e morta, que cobria o quarto com uma claridade metálica.

            - Bom dia, Leah.

            Os lençóis roçaram um no outro e o rosto corado de Leah Franklin assomou na almofada.

            - Bom dia.

            - Dormiste bem?

            - Sim. E tu?

            Jacqueline esboçou uma contracção dos lábios semelhante a um sorriso.

            - Isso interessa mesmo?

            A manhã, clara como neve, nascera por cima dos prédios e das casas, por cima dos pássaros, rasando as árvores e suspirando uma brisa fria sobre os passeios. As folhas vermelhas agarravam-se aos ramos secos numa tentativa de sobrevivência, mas o Outono atirava-as para o chão, formando um tapete rúbeo que cobria o solo serenamente. Jacqueline gostava daqueles dias, frios e brancos, que se estendiam por Paris como uma lufada de paz. Sim, ia deixá-los ter paz por um momento.

            Leah sentou-se na cama e levou a chávena aos lábios. Lentamente, pousou-a no regaço e engoliu o líquido hesitantemente.

            - Jackie, preciso de perguntar-te uma coisa.

            Jacqueline endireitou-se na poltrona e apoiou o rosto numa mão.

            - Diz-me.

            - Vais matar-me?

            - Não! Que pergunta idiota é essa?!

            - Não sei. – balbuciou – Oh, Jackie, tens de compreender que esta situação é assustadora! Raptaste-me, tiraste-me da minha casa, impedes-me de ver o meu irmão…

            - Ele não é teu irmão. – vociferou Jacqueline – Tu sabes disso tão bem como eu. O Jesse Stone é um oportunista e um idiota em quem não se pode confiar.

            - Eu e o Jesse podemos não ser irmãos de sangue, mas fomos criados como tal, e nada vai mudar isso, Jacqueline. Mas o teu problema não é o Jesse, é o Raoul.

            Jacqueline levantou-se abruptamente, e os seus olhos ficaram negros como se estivesse possuída pelo Diabo.

            - Nunca, mas nunca mais, digas esse nome em minha casa! Há pouco perguntaste-me se eu te ia matar, eu disse que não. Pois bem, mas a ele vou matar, e vai ser tão lento e doloroso que ele vai desejar nunca ter nascido. Aliás, vou matá-los a todos: a Violet, o Lancelot, o Jesse, o Danny, o Edward…Vou deixar o Raoul para o fim, para que ele veja o que causou. E a Donna…a Donna vou deixá-la viver. Vejo demasiado de mim nela, e sei que apenas é uma pobre inocente. Mas a eles, os outros, não os vou deixar escapar.

publicado por Katerina K. às 14:14

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