BLOG FECHADO

27
Jul 09

Eu não sabia se havia de ficar assustada ou não. Na verdade, fiquei sem reacção, os meus músculos fizeram-se pedra. Não conseguia emitir nenhum som, em consequência da titânica mão que me cobria a boca. O coração batia-me forte demais na base da garganta, como se me fosse sair do corpo. Os lábios secaram-me, a boca começou a saber-me a ferrugem. Senti as mãos a ficarem suadas. Quis limpá-las às calças, mas não conseguia. Estava em puro pânico, com os olhos muito abertos, sem me conseguir mexer. Os poucos segundos que passaram pareceram-me incrivelmente lentos e longos.

            - Valha-me Deus, Joana! Pensei que te ias estatelar no chão! O que te deu para estares aí encavalitada?

Respirei profundamente. Eu conhecia bem aquela voz e aquele odor quase intenso a colónia de homem. O David descobriu-me a boca para que eu pudesse falar. Virei-me para ele, ainda hesitante do choque inicial.

            - Que susto, tomei-te por um assaltante!

            - Isso digo eu! – disse ele, soltando uma risada rouca e abafada.

Também me ri, inocentemente.

Apesar de já me ter libertado os movimentos, o David mantinha o braço à volta da minha cintura, apertando-me só ligeiramente contra ele. Era difícil perceber se o fazia acidental ou propositadamente.

Naquele minuto seguinte de silêncio, olhei-o no mais íntimo dos olhos castanhos. Neles, apenas vi o reflexo do meu rosto pálido de medo, brilhando na sua íris, na sua retina. Os lábios dele contorceram-se num ténue e tímido sorriso. Se não o conhecesse tão bem, nem me teria apercebido de que ele estava, de facto, a sorrir. Então, ouvi a porta envidraçada da varanda a abrir-se, atrás de mim.

            - Está tudo bem?

            - Sim. – respondeu o David.

Apoiei os punhos cerrados no seu peito e, baixando os olhos, afastei-me lentamente. Observei por cima do ombro quem nos tinha falado. Fora a mulher. Vendo-a agora de frente, notei que era extremamente bonita. O seu rosto era pouco largo e suavemente bicudo, revestido por uma dourada camada de pele perfeita e coroado por uma cabeleira loira cuidadosamente esculpida em largos caracóis dourados. Nos seus olhos cor de âmbar, vi que era mais jovem do que eu tinha julgado. Não passava dos vinte anos, seguramente. Atrás dela, esperei ver o rapaz que a acompanhava anteriormente, mas não se encontravam sinais dele. Assim, desisti de o procurar.

Agarrei docemente o David por um braço e, usando a porta das traseiras, entrámos dentro da casa. Andámos pouco, até ao corredor, talvez. Não media bem os meus passos, já que aquela parte da casa estava mergulhada na mais negra escuridão. Foi nesse preciso momento, quando cravei a ponta dos dedos na pele macia e quente do braço do David, que ouvimos o barulho.

 

 

publicado por Katerina K. às 21:38

Olá Joana. Olha minha amiga, o que tenho para te dizer, não é muito, mas é importante. Eu sinto que me estou a apaixonar pela tua escrita, e até tomei a decisão de adicionar ao meus favoritos A primeira parte e depois a segunda, porque adorei ler. A tua escrita, é tão leve, macia e tão doce, que se assemelha ao chocolate derretido na boca. Não desistas de escrever e começa a encarar a hipótese de escreveres uma coisa com vista a apresentares a uma editora. Porque é uma pena, não tentares. Eu sei que não é fácil, mas nada como tentar. Joana: É assim: Escrever bem, não é = a escrever coisas bonitas, tu escreves muito bem. Não digo que penses em fazer da escrita o teu futuro, mas tenta escrever. Um beijinho Eduardo.
Fisga a 28 de Julho de 2009 às 17:01

Eduardo,
Bem, com tantos elogios, até é difícil arranjar palavras para dizer alguma coisa! Agradeço o que disse do fundo do coração, e satisfaz-me muito saber que a minha escrita lhe agrada.
Quanto à escrita, nunca hei-de parar de escrever. Agora, publicar um livro, veremos. É o meu grande sonho, mas não passa disso, para já.
Vá seguindo a colectânea «O Rapaz de Luz», não fica por aqui. Já escrevi a terceira parte e estou extremamente feliz com o resultado final. Vou esperar uns dias até a postar, para que toda a gente tenha a hipótese de digerir bem a história já publicada.

Abraço flautístico,
J.F.

Olá amiga Joana. Eu vou fazer-te um pedido, antes de mais nada. Eu não sei quantos anos nos separam na nossa idade, mas também não importa, porque não é por se ser mais velho ou mais novo que se deve mais respeito ou menos, e nem tão pouco a falta de respeito se dá pela forma de tratamento. Por isso quero pedir-te que me trates por tu, e não vai ser por aí que ficamos mais ou menos amigos, ou que vai haver mais ou menos respeito entre nós, o respeito como tu bem deves saber, não se compra e nem se vende, Ganha-se, Mas nunca através da forma de tratar por tu ou por senhoria. Nós ao pedirmos ao nosso Deus Tratamos ele por tu de uma forma geral, dizemos. ( Meu Deus ajuda-me. dá-me, lembra-te de mim, eu te peço) Quanto Á continuação da colecta
ânia, como lhe chamas e muito bem. Aí está uma ideia inteligente, Primeiro interiorizasse e depois ama-se. Fazes muito bem, Também fazes muito bem, em continuares sempre a escrever, o resto vem por simpatia. Um abraço. Eduardo. P. S. Eu tenho 73 anos já feitos. Segundo o ditado já sou outra vez criança. por isso não te inibas.

Farei como pedes.
A idade, realmente, pouco importa. Mas o fosso de gerações é bastante amplo. Bastante, mesmo. Separam-nos 57 anos, deveras.

Abraço flautístico,
J.F.

Olá Joana. Eu tinha um dedinho que me dizia que tu és uma menina, muito novinha, talvez por isso me dava para te chamar Joaninha, como ainda te cheguei a chamar, não terás levado a mal, espero, pois é um termo carinhoso. Quero dar-te os meus parabéns pela tua persistência. pois parece já saberes o que queres, a pesar de as editoras não te levarem a sério. Não te admires, pois pessoas veteranas na industria livreira, ao verem uma menina tão novinha não é fácil acreditarem é muito mais fácil, pensarem: aquela miúda, não deve bater bem. Mas não te rales, saber esperar é uma grande virtude. gostei muito por teres aceite , o meu pedido, sossega, que pela minha parte vais ser respeitada e considerada, como se tivesses, cabelos brancos, fruto da idade, como eu. Um grande abraço deste amigo que te quer ver ser ainda uma escritora famosa.

Eu não sei se as editoras me levam a sério ou não. Na verdade, nunca tentei. Mas estou curiosa.
Bem, também é verdade que já ganhei um concurso da editorial caminho, o que já não é nada mal. É uma porta de entrada, afinal.

Abraço flautístico,
J.F.

Olá amiga Joana. Afinal, estou eu aqui a mandar bitaites, e tu sabes mais do que contas. não sabia dessa do concurso da Caminho então as coisas assim já não estão muito mal. Já mereces parabéns. E olha que tudo te corra como tu desejas. Abraço Eduardo.

Espero que sim, mas tenho muito que trabalhar.

Abraço flautístico,
J.F.

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