«Boas.» disse ele.
O Jonas estava sério, mais sério que o habitual. Eu nunca o havia visto assim naquelas duas semanas em que tínhamos vindo a falar.
Estava triste, de cabeça baixa e muito pálido, parecia que toda a vida havia sido sugada do seu corpo alto e esguio.
Aproximei-me dele num andar curto e meio nervoso, à medida que lhe perguntava o que se passava.
«Não estou bem, mais nada.»
Foi esta a resposta que obti.
«Desculpa, Jonas, mas não vou aceitar essa resposta. Eu já percebi que não estás bem. O que é que aconteceu?»
«Nada, nada. Parvoíces. Os meus momentos mórbidos, só isso.»
«Conta.»
Segui-se um período de silêncio tenso e incomodativo. Eu já havia percebido que o Jonas me tinha alguma coisa para contar há algum tempo, mas que nunca reunira a coragem necessária para o fazer.
«Eu não quero que fiques com uma má imagem minha.»
«Não vou ficar.» respondi.
Ele olhou-me bem fundo nos olhos e, enchendo o peito de ar, soltou a frase mais horrenda que já ouvi:
«Eu tenho anorexia extrema.»
Senti-me gelada por dentro, exasperada e horrificada.
Os seus olhos estavam inundados de lágrimas gordas e pesadas. Mas ele não chorou, manteve-se forte enquanto me contava aqueles factos tão tristes da vida.
Eu sim, chorei.
«Eu percebo-te...» disse eu «Também passei por momentos maus. Mas, sabes, uma coisa que eu aprendi em todos esses momentos é que as coisas más da vida ajudam-nos a perceber as coisas perfeitas que temos. O teu problema, com muito empenho e dedicação, com muita força de vontade, pode ser resolvido e aí sim, vais ver que estás rodeado de pessoas que te adoram e que te ajudam e que tudo é melhor do que tu vias.»
Ele tornou os lábios finos num sorriso ténue.
«Obrigado.»
E abraçou-me.
Até a um próximo post,
Joana F.