BLOG FECHADO

15
Dez 08

Jillian Hope não tinha vontade de jantar. Sentou-se na sala de música, junto à janela, observando o portão da entrada e o caminho de acesso a Lester’s Hall.

Bateram à porta.

            - Sim?

Uma rapariga franzina de cabelo castanho arruivado e olhos verdes espreitou para dentro do compartimento. Era uma das criadas, Jane.

            - Miss? Mrs. Hope mandou perguntar se não quer jantar.

            - Não, Jane. Obrigada.

            - De qualquer maneira, Miss, vou deixar uma ceia fria no seu quarto.

            - Tudo bem.

Fechando a porta lenta e silenciosamente, a criada retirou-se, deixando a rapariga de novo só. No entanto, não ficou sozinha por muito tempo. A sua irmã Elizabeth juntou-se a ela pela porta que unia aquele compartimento à sala de visitas. Beth Hope era um autêntico anjo. Linda, o cabelo dourado que lhe caía pelas costas sobre a blusa reluzindo, os olhos azuis intensos fitando a irmã. Jillian não era tão bonita, mas continuava a ser bastante atraente. Beth acomodou-se num sofá, perto da irmã, que se sentava no peitoril da janela.

            - Sentimos a tua falta, ao jantar.

Jillian suspirou, afastando da cara uns fios de cabelo que lhe haviam caído sobre os olhos.

            - Não tinha fome e estava sem vontade de ouvir o pai falar do dia dele. É sempre extremamente aborrecido.

            - Que exagero, Jill.

            - Achas? – perguntou, apoiando as pernas musculadas e atléticas numa cadeira próxima.

            - Não é a coisa mais divertida do mundo, mas os discursos da tia Mildred são mil vezes mais maçadores.

            - Sim, é verdade.

Bateram à porta de novo.

            - Sim? – perguntou Elizabeth.

Duas pessoas entraram na sala. Uma delas era Vincent Hope, irmão das raparigas e o filho do meio, mais velho que Elizabeth mas mais novo que Jillian. Tal como elas, possuía cabelos loiros e olhos azuis, mas este detinha umas feições um pouco mais duras que as delas. A outra era um homem muito jovem, na casa dos vinte anos, de nome Philip Miller. Era um jovem americano de semblante esculpido num pedaço de mármore. Como Elizabeth dissera da primeira vez que o vira, «tem cara de quem já matou alguém». Ela certamente disseram aquilo num gracejo mas, observando a face de Philip, qualquer um entendia o que a rapariga quisera dizer com aquilo. Pálido, de nariz ligeiramente aguçado, olhos cinzentos assustadoramente brilhantes, traços severos, uma certa malícia em toda a sua expressão. Mesmo assim, era uma pessoa agradável e comunicativa, que sabia dizer uma boa piada no momento certo. Era convidado de Jillian, estudavam ambos oncologia e haviam-se tornado bons amigos.

            - Ah, são vocês. – disse Elizabeth, cruzando os braços.

Não existiam dúvidas de que Beth era uma jovem elegante e de bom gosto. Usava uma blusa decotada e uma saia de pregas pouco acima do joelho. Esta das irmãs Hope parecia ter arrecadado todo o feminismo, o qual era quase inexistente na figura alta e atlética de Jillian, que, de calções de ganga e t-shirt, continuava a fitar o portão pela janela.

            - Sim, somos nós. Vai uma partida de bridge? – indagou Vincent, quase retoricamente.

            - Não vinha mal nenhum ao mundo, suponho que é uma boa ideia. Vens, Jill?

            - Jogar bridge não tem piada sem o Fred.

Jillian tratava Frederico Medeiros por Fred, por este nome ser português e particularmente difícil de pronunciar para um inglês.

            - Vá lá, Jill! Não sejas desmancha-prazeres!

Então, com um suspiro, ela assentiu.

 

publicado por Katerina K. às 21:07

Continuo a seguir...
Continuo curiosa....
E vou continuar por aqui!!!
Bj
Subjectividades a 16 de Dezembro de 2008 às 13:41

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