BLOG FECHADO

21
Mai 08

Decidi tirar um serão com a Ana. Decidi esquecer os meus problemas, desinibir-me e lançar-me ao mundo de braços abertos.

Era segunda-feira, e depois de um dia de trabalho intenso a coisa que mais queríamos era largar livros e sair de casa, espairecer a cabeça e divertirmo-nos.

Esqueci o facto de o Jonas não me responder às mensagens nem me atender os telefonemas há três dias e concentrei-me em viver a vida com a minha melhor amiga.

Entramos no metro às seis, depois da última aula, e fomos para a cidade. Não estava frio, começava a ver-se pessoas a entrar em casa, vindas do trabalho, outras a sair, provavelmente a pensar da mesma maneira que nós. Tirámos imensas fotografias, corremos, gritamos, espicaçámos pombas e encostámo-nos às árvores. A fome começava a apertar por isso fomos jantar. O restaurante era um sítio giro e acolhedor, apesar de pequeno.

Às dez, já estávamos a andar pela cidade, pelas ruas iluminadas pelo brilho fosco dos candeeiros antigos.

O meu telefone toca e foi com surpresa e espanto que vi quem chamava. Jonas, a chamar... - dizia o visor. Atendi, mas a voz que se ouviu do outro lado não era a do Jonas...era a do irmão gémeo (falso), o Gustavo.

                     - Joana?

                     - Gustavo?!

                     - Sim, sou eu! Ouve, preciso de falar contigo urgentemente.

                     - O que se passa?

                     - É o Jonas...

                     - O que tem o Jonas?... - a minha voz começava a fraquejar.

                     - Eu não quero que entres em pânico, Jo...

                     - Diz!

                     - O Jonas...o Jonas está muito mal, no hospital...

                     - Mas...

                     - Ele voltou à anorexia mórbida...

De repente, a voz que eu ouvi já não era a do Gustavo, mas sim do Jonas...uma voz fraca e sumida, quase inaudível.

                     - Joana, perdoa-me, por favor...Adeus...

Deixei cair o telemóvel.

A Ana percebeu, envolveu-me nos braços enquanto eu me sentava no passeio escuro, de olhos vazios cheios de lágrimas.

Gritei, acho eu, gritei num choro desesperado, enquanto me agarrava ao braço da Ana com toda a força e cravava as unhas na camisola dela.

Não ouvi mais notícias do Jonas, não sei se está morto, se está vivo.

A única coisa que sei é que sinto que uma parte de mim começou a morrer naquela segunda-feira, e pouco a pouco sinto-a a ficar pálida e fria...

E a todos os segundos penso naquela palavra: Adeus...

 

 

Até a um próximo post,

Joana F.

 

 

publicado por Katerina K. às 09:14

Li e gostei do que li. Fico satisfeito e não surpreendido, porque já me habituaste aos melhores textos, como agora é o caso! Parabéns.

Cumprimentos e espero tua a visita,
Carlos Alberto Borges
umbreveolhar a 24 de Maio de 2008 às 17:43

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