Para a Morgen.
Abri a janela, e o vento abarcou-me o rosto e os cabelos numa quente ternura estival. Os carros que passavam por nós eram apenas borrões coloridos aos meus olhos, passando veloz e desinteressadamente. Observei a paisagem que parecia correr no sentido oposto ao nosso, com os olhos húmidos e semicerrados. Estávamos a passar por uma estrada estreita, flanqueada por altas árvores, que me lançavam sombras complicadas sobre a face. Não consegui deixar de dar uma mirada ao espelho retrovisor, para o poder ver. Continuava a guiar apenas com uma mão, a outra envolvendo o seu Blackberry colossal, acabando por o pousar no banco ao lado. Acenou-me levemente e riu-se. De súbito, a paisagem à nossa volta mudou, e fui atingida pela intensa luz do sol. Pisquei os olhos, esfreguei-os com as costas da mão. De repente, percebi.
À minha direita, uma longa superfície prateada beijava o céu num matrimónio infinito e rosnava como um leão ferido – o mar. O Ricardo estugou o passo do carro ao entrarmos num trilho de pedra paralelo ao oceano. Ao fundo, uma solitária casa de madeira erguia-se, meio escondida pelas dunas, pouco antes do final da praia. Aproximámo-nos rapidamente, contornando a costa, e acabámos por estacionar junto do edifício. O Porsche parou ao lado do Bentley, e apeei-me a tempo de ver o Anjo puxar o travão de mão. Elevei o olhar para a casa – era maior do que eu imaginara. De madeira pintada de branco, a habitação possuía um alpendre que rodeava todo o rés-do-chão e uma extensa varanda com uma grade discretamente trabalhada.
- Gostas?
Fitei a Núria, que me sorria agradavelmente.
- Muito. É encantadora.
Um vento frio arrepiou-me quando o Francisco passou fugazmente por mim, transportando o seu grande saco de lona. A Núria pegou no meu braço, enfiando-o no dela, e conduziu-me até à porta de entrada, a qual já estava aberta. O interior surpreendeu-me, estava deslumbrantemente decorado, mas num estilo simples, quase humilde, transparecendo elegância e um gosto impecável. A madeira, o vidro e os tecidos brancos eram predominantes. Sobre a lareira, avistei outra aguarela como tinha visto na mansão, esta ainda melhor executada. Fiquei uns segundos a observá-la, a procurar a data. No entanto, esta não estava datada nem assinada. Suspirei. A Núria inclinou-se suavemente sobre mim.
- Estou a ver que engraçaste com o quadro.
- É verdade, - respondi, pondo uma mecha de cabelo no lugar – já tinha gostado daquela que vocês têm na biblioteca.
- A de lá de casa foi o meu pai que pintou. Esta já não.
- Então?
Uma voz assolou-nos por trás.
- Fui eu.
Virei-me, e vi o Anjo a sair da cozinha com uma caneca amarela pendente na mão esquerda, junto aos lábios.
- Foste? – perguntei, surpreendida.
- Sim.
- Uau. – foi a única coisa que consegui pronunciar.
Depois de uns instantes de pesado silêncio, em que só se ouvia o Anjo a sorver um líquido qualquer que estava dentro da caneca, ele tomou a palavra.
- Anda, vou mostrar-te o quarto em que vais ficar. – e fez um gesto com a mão para que o acompanhasse.
A Núria ficou a ver-nos afastar, com os braços cruzados no peito e um meio sorriso no rosto.
***
Recebi um miminhoooo!
As regras são:
- Mencionar quem ofereceu
- Completar a frase " Eu sou luz e quero iluminar.... a escuridão do Mundo."
- Passar a 6 blogs que se considerem de luz e avisa-los da oferta.
Quem me ofereceu foi a Bolachadechocolate, que é uma querida e aproveito para mandar um beijinho para ela.
Eu sou luz e quero iluminar, pelas minhas palavras, a escuridão do Mundo.
Seis blogs? Huuum...
Mando este miminho para:
InêsM.
M.Luísa Adães
MJ
Ametista
Cê
Catherine